Outro problema muito comum envolvendo a telefonia celular é a questão das ERB’s, estações rádio-base, responsáveis pela comunicação celular hodierna. As ERB’s nada mais são do que as famosas torres de celular, quase onipresentes hoje em dia em qualquer país minimamente industrializado. No Brasil, que há mais ou menos um ano comemorou os 100 milhões de celulares em território nacional (para uma população de 190 milhões), as ERB’s são, de fato, onipresentes. As capitais dos estados e cidades mais populosas contam com dezenas dessas torres espalhadas por toda a cidade. È exatamente aí que mora o perigo.
Na edição da revista “The Ecologist Brasil”, de janeiro de 2003, foram publicados nada menos do que 10 artigos e uma nota, todos eles sobre a questão dos perigos dos celulares e torres de celular. Em um artigo denominado “Stress de alta freqüência”, Carlos Requejo, o arquiteto de interiores especialista em geobiologia e qualidade do habitat diz, entre outras coisas, que "a praga do século XXI poderia ser a ‘poluição branca’, a contaminação invisível causada pelos campos eletromagnéticos, o crescente ‘electrosmog’". Exagero ou não, mais à frente ele cita os efeitos neurofisiológicos a curto e a longo prazo, derivados do contato com celulares e torres celulares.
O profissional começa elencando os efeitos a curto prazo: incremento do stress, alteração das ondas cerebrais, perda de memória, insônia, zumbidos dos ouvidos, enjôos, palpitações e alterações do ritmo cardíaco, hipertensão, “além de uma série de indisposições que a medicina qualifica de ‘desequilíbrios neurovegetativos’ “. Já a longo prazo, segundo o autor, os cientistas encontraram danos na membrana celular, efeitos sobre o sistema imunológico, alteração do DNA e aumento de tumores em cobais. Para Requejo, os aparelhos e torres celulares também foram relacionados (a partir de 0,1 uW/cm² de potência de radiação) à câncer de pele, tumores cerebrais e Alzheimer.
Saindo de uma questão possivelmente horrorosa para outra realmente, verdadeiramente e comprovadamente horrorosa, tem-se no último artigo, uma abordagem da questão do mineral “COLTAN”, presente nos celulares. Apesar de não falar diretamente sobre a radiação não-ionizante, o texto discute como a fabricação de celulares estaria financiando indiretamente uma guerra civil na República Democrática do Congo. Esta carta de leitor foi impressa na edição de novembro de 2001 da “The Ecologist” original, e republicada na versão brasileira de janeiro de 2003, portanto obviamente esta questão se refere àquela época. A questão toda é que, devido ao fato dos celulares necessitarem do tal metal “COLTAN”, e este metal ser achado nos parques nacionais protegidos do Congo, os grupos rebeldes do Congo estariam explorando o “COLTAN” a fim de financiar as suas atividades criminosas.
Só para se ter uma idéia, naquela época já eram 2,5 milhões de pessoas assassinadas, 2 milhões tiveram que deixar suas casas e mais de 16 milhões passavam fome devido ao conflito. Para as Nações Unidas, conforme diz a carta enviada por Philip Booth à revista, são as companhias de comércio de minerais a “locomotiva do conflito”. Devido à horripilante ligação entre o “COLTAN” e a guerra os fornecedores estavam na época tentando parar as aquisições de metal provenientes do Congo, mas o leitor advertia que isso era uma tentativa fadada ao insucesso, “tendo em vista ser quase impossível identificar a fonte original do metal”. (Tiago Meirelles)