A busca pelas origens: Agricultores resgatam tradição das sementes crioullas

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O número de pessoas que congelam parte de seus materiais genéticos, como óvulos, sêmen, embriões ou cordão umbilical, para que no futuro eles possam servir na cura de uma doença, aumenta a cada ano. O mesmo tem acontecido o material genético de animais e plantas utilizadas para fins científicos. O objetivo é formar um banco de dados de patrimônio genético. O material guardado nesse banco pode ser utilizado em caso de ameaças de extinção, ou salvar espécies por meio da reprodução em laboratórios.

O habito de guardar aquilo que origina a vida é bem mais antigo do que imaginamos. Desde o começo da humanidade, agricultores têm selecionado e conservado as melhores sementes de cada plantio, dando origem a uma grande diversidade de cultivos e variedades utilizadas na produção agrícola. Esse processo gerou a manutenção da biodiversidade, mantendo vari edades adaptadas a diferentesáreas por gerações.

Infelizmente, hoje em dia, grande parte dessa biodiversidade está se perdendo, pois as sementes se tornaram uma simples mercadoria nas mãos das grandes empresas multinacionais, que transformam tudo em negócios. Elas manipulam geneticamente as sementes, com o argumento de assegurar maior qualidade na semente, aumentar a produtividade e aresistência às pragas. Porém, essa manipulação pode causar problemas. Empresas detentoras de tecnologias, como a "Monsanto", modificam as sementes de tal forma que suas vidas úteis tornam-se extremamente curtas. Outro problema é a dependência que essas sementes possuem dos complementos destas empresas, como adubos, insumos químicos, máquinas e agrotóxicos.

Para evitar e combater essa dependência, movimentos sociais como a Via Campesina, Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e grupos de agricultores, principalmente do interior, estão revivendo as feiras de troca de sementes crioullas (como são chamadas as sementes sem modificação gênica). As sementes crioulas são apenas uma nomenclatura, pois não são apenas sementes, mas raízes e tubérculos também entram nessa classificação. Em parceria com a Via Campesina, o MST resolveu montar um banco com sementes crioullas, incentivando novos produtores a plantarem essas sementes, assegurando também a soberania alimentar do seu povo, utilizando a semente que melhor se adaptaàquele local. (Vitor Santana)

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